sábado, 27 de novembro de 2010

Compaixão

A Compaixão é Amar o próximo com a compreensão de que se ele tivesse a sabedoria que temos nas mãos, seguramente agiria melhor do que está a agir. A Compaixão implica, pois, perdão pela ignorância do outro e implica que o entendemos, não através da nossa compreensão do Mundo, mas através da compreensão que ele tem do Mundo, sem nunca nos perdermos da verdadeira compreensão do Mundo, se dela já temos a bem-aventurança de sermos iluminados.
Com a consciência numa compreensão mais elevada da vida e com perdão pela compreensão errónea ou insuficiente que o outro possa ter do Mundo, podemos falar ao outro desde o respeito - falar-lhe numa linguagem que ele possa entender, porque é uma linguagem ao nível da compreensão que o outro tem do Mundo.
Isto é fácil?
De facto exige de nós uma grande evolução da nossa capacidade de sentir o outro e de perceber o estado em que ele está, sendo, ao mesmo tempo, capazes de manter ou subir o nosso nível de desenvolvimento como seres-humanos, mesmo diante de quem possa ainda estar pouco acordado para as Verdades Espirituais Eternas.
Ter Compaixão não é forçar o outro a ver essas Verdades Eternas. Ter Compaixão é, estando Espiritualmente acordado para esas verdades, ser capaz de falar com o outro desde os limites da Fé do outro e não dos nossos, desde a visão que o outro tem da vida e não da nossa, como forma de respeito pelo grau evolutivo que o outro tem. E orar, se quisermos que ele melhore, a Deus em silêncio, no nosso quarto e no nosso secreto, para que ele seja abençoado por Deus e para que seja Iluminado de Sabedoria Divina, para que possa cumprir a missão divina que Deus lhe deu com tanto Amor.
Da Compaixão se entende também que, ao mesmo tempo que falamos com o outro desde o ponto de vista dele e do seu desenvolvimento, nos mantemos sempre fiéis ao nosso nível evolutivo e à sabedoria para a qual já despertámos, que sentimos e que está dentro de nós e que deve, essa sim, vibrar connosco e transparecer através das nossas palavras, que, embora simples e ditas segundo a compreensão do outro, emanem a vibração de alguém que se elevou mais próximo de Deus. E essa vibração, essa sim, pode ser capaz de elevar o outro ser humano, enquanto as palavras que lhe provemos não ferem a sua compreensão, permitindo-lhe assim desfrutar da evolução que lhe pode proporcionar a vibração de amor à qual vibram as palavras que proferimos e desde a qual lhe devemos falar.
O descer o nível das nossas palavras à compreensão do outro, ao mesmo tempo que as proferimos na mesma vibração do nosso nível de desenvolvimento espiritual são as condições necessárias para que possamos considerar alguém abençoado pela Compaixão.
Da Sabedoria Budista

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